domingo, 30 de outubro de 2011

Os motivos da briga pelo poder no MAC

Matéria publicada no Jornal Correio Mariliense:

A briga pelo poder no Marília Atlético Clube está se tornando cada vez mais acirrada e complicada, dei­xando à deriva o futuro do time ma­riliense de futebol.

Durante a sema­na a diretoria comandada por Hely Bíscaro dissolveu o Conselho Deli­berativo do clube, dois dias depois foi a vez dos conselheiros afirmarem legalidade e destituir Bíscaro do cargo de presidente do clube. Com toda essa confusão, o caso deve ser decidido só na Justiça.

Porém, uma série de fatores mo­tivou essa briga nos bastidores do clube, envolvendo a ex-diretoria e os atuais mandatários. Desde o desgas­te alegado por Beto Mayo para dei­xar a presidência após 10 anos no co­mando, ou se voltarmos mais atrás a entrega do comando feita em 2001 pelo então presidente Hely Bíscaro para a empresa American Sports, que colocou Mayo como presidente enquanto a empresa administrava o clube na sua fase mais rica e gloriosa dentro dos gramados e que termi­nou em 2008.

O Correio Mariliense investigou todos os aspectos envolvendo o assunto e traz para o seu leitor o motivo do jogo de interesses que envolve o MAC e os seus atuais co­mandantes.

Sem dinheiro, Beto Mayo admite desgaste (Fevereiro de 2011)
A falta de dinheiro que o clube enfrentava desde o afastamento da empresa American Sports em 2007 e que deixou o Marília totalmente em 2008, deixou o então presidente José Roberto Duarte de Mayo sem rumo.

O clube foi rebaixado na Série B 2008 e Paulistão 2009, os patrocina­dores começavam a deixar o clube e o apoio financeiro e as dívidas au­mentavam conforme os meses iam avançando.

Desgastado por conta de críticas da imprensa e da torcida, Beto Mayo não tinha mais forças para lutar pelo clube e admitiu a vontade de dei­xar a presidência. Porém, não havia substitutos dispostos a assumir o clube. Somente o ex-presidente Hely Bíscaro admitia publicamente o seu interesse de voltar o clube. Mas seu nome era mal visto pelos diretores.

Sojinha surge e assume o comando (início de março de 2011)
Diante da escassez de nomes para assumir o clube, surge Antonio Car­los de Souza, o ‘Sojinha’, ex-represen­tante do PT (Partido dos Trabalhado­res) na cidade e ex-diretor do DAEM (Departamento de Água e Esgoto de Marília).

Sojinha prometeu reestruturar o departamento de futebol do clube, além de investimentos com promes­sa de acessos. Mesmo que de forma não oficial, Beto Mayo entregou a sua carta de renúncia e passou o co­mando para Sojinha, que ocupava o cargo de segundo vice-presidente, durante a reta final do Campeonato Paulista da Série A2.

A situação do Marília na competi­ção já era extremamente delicada e o rebaixamento era quase que ine­vitável. Sojinha tentou salvar o MAC do rebaixamento com o pagamento de prêmios por vitórias e chamando ex-jogadores do clube para a comis­são técnica, como Márcio Rossini, Luis Andrade e Valdirzinho. Mas a salvação não aconteceu e o clube caiu para a Série A3 do Paulista.

Sojinha ‘abre o bico’ e perde o apoio (final de março de 2011)
Apoiado pela diretoria do clube, que mantinha a grande maioria do Conselho Deliberativo, Sojinha alegava que tinha direitos legais para assumir a presidência, por ser o segundo vice-presidente, já que o primeiro havia renunciado.

Nos bastidores, Hely Bíscaro já agia para que houvesse eleições e prega­va o discurso de que não seria can­didato, afirmava que legalmente era necessária a realização de eleições para que Sojinha assumisse legal­mente.

Sojinha aceitou, e disse que mon­taria uma chapa e se tornaria o pre­sidente sem problemas, já que tinha o apoio do Conselho. Porém, todo o apoio desmoronou em uma entre­vista, onde Sojinha disse que “abriria a caixa preta do Marília” se fosse ne­cessário.

A partir de então, a diretoria co­mandada por Beto Mayo ficou rece­osa com o que Sojinha poderia fazer caso assumisse o comando e decidiu mudar totalmente de idéia e apoiar Hely Bíscaro.

Hely Bíscaro vence as eleições (abril de 2011)
Conselheiros que hoje querem de qualquer forma a destituição de Bís­caro, no momento das eleições fa­ziam campanha nos bastidores para que ele fosse eleito, mesmo com o apoio da diretoria que tinha maioria do Conselho, a votação foi apertada e vencida por Hely Bíscaro por ape­nas um voto, pois muitos aliados da diretoria presidida por Mayo se re­cusaram a votar em Bíscaro, diante do seu passado como presidente do MAC.

Bíscaro se envolve em confusõese MAC é rebaixado(abril a setembro de 2011)
“Vocês podem esperar um pre­sidente sério e sereno, agora com mais experiência quero aproveitar as coisas boas que tive quando fui presidente e consertar os erros”, esse foi o discurso de Hely Bísca­ro quando assumiu a presidência, mas alguns erros não foram con­sertados.

Bíscaro se envolveu em diversas confusões, impedindo o trabalho de alguns jornalistas dentro do estádio municipal Bento de Abreu, acusa­do de racismo, homofobia, além de agressões a torcedores e um mem­bro da imprensa durante a sua ges­tão.

Dentro de campo, demitiu pre­cocemente o treinador que reali­zou a pré-temporada para a Série C e contratou um técnico inexpe­riente para a sequência da com­petição. Jogadores reclamaram publicamente de salários atrasa­dos e muitos foram dispensados antes do término do Campeonato, todos esses fatores contribuíram diretamente para o rebaixamento do Marília para a última divisão na­cional.

Agora é a vez de Hely “abrir o bico” (início de outubro de 2011)
Rebaixado no seu primeiro Cam­peonato após voltar a ser presidente do Marília, Bíscaro ‘liga a metralha­dora’ e começa a disparar acusações contra o ex-presidente Beto de Mayo e pessoas ligadas a ex-diretoria, inclusive, afirmando que eles rou­baram o Marília e não publicaram diversas contas na contabilidade do clube.

Essas acusações revoltam os ex­-diretores que continuam tendo o controle da maioria do Conselho Deliberativo, em editais convocam reuniões com o objetivo de destituir Hely da presidência, alegando que ele vem fazendo mal para o clube, devido as confusões que se envol­veu durante o seu mandato.

Hely destituí o Conselho e o Conselho destitui Hely (final de outubro de 2011)
Através do seu presidente, José Antônio de Almeida, o Conselho Deliberativo do Marília convoca em edital reunião com o objetivo de destituir Hely Bíscaro da presi­dência do clube. Um dia depois, Hely publica edital convocando uma assembleia dos associados, dois dias antes da reunião do Con­selho.

Na última segunda-feira (24), a diretoria comandada por Bíscaro dissolveu o Conselho Delibera­tivo, alegando omissão por não julgar as contas do clube nos últimos anos. Porém, os conse­lheiros afirmaram legalidade e realizaram a reunião na quarta­-feira (26), onde destituíram Hely Bíscaro do cargo, alegando má administração.

Justiça definirá quem tem razão (novembro de 2011 até...)
Os conselheiros dizem que estão legais, o mesmo acontece com Hely Bíscaro. Essa situação leva para ape­nas um caminho, a decisão através do poder judicial, para definir quem tem razão dentro da lei e do estatuto do clube.

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